domingo, 26 de julho de 2015

CONVERSAS DE VARANDA | E QUISESSEM OS CÉUS DESCOBRIR...


Quisessem os céus descobrir o que guardo no meu peito. De tão profundo que está ninguém me vai arrancar. Se por um lado quero que me tirem isto, por outro só quero que nem me falem. E quisessem os céus descobrir o que guardo no meu peito.
O sol hoje não passa pelas nuvens. O céu é um misto de cores, o branco da pureza e o cinzento do incerto. Quisesse o meu peito conseguir ser de duas cores. O negro do alcatrão e as pedras que nele existem. Nem as arrumam para canto. Os carros passam e elas saltam, como se fossem arrancadas de onde saíram. E foram. Quisessem os céus arrancar-me deste lugar tão negro como aquele alcatrão.
As pessoas falam na rua. Fofocam sem meias medidas. Porque isto e porque aquilo. São tão ou mais negras do que o alcatrão ao dizerem tais palavras. Quisessem os céus arrancar-lhes tal escuridão. E os pássaros cantam. Não importa a cor do céu nem o barulho das fofocas. Pousados sobre o ramo do carvalho, eles cantam. E depois voam. Voam na conquista de tornar o som deste mundo mais subtil e agradável. E a eles, os céus já conseguiram descobrir o que guardam no seu peito: a verdade!

3 comentários:

Unknown disse...

Adorei o texto. Beijocas.

Letícia Pereira disse...

Adorei Dani!

Rititi disse...

TODA a gente fofoca. Mas há quem goste SOMENTE de fofocar com maldade. Desprezo essas pessoas!